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Uma visita rápida  à exposição Broadcast & Cable 2012, realizada em paralelo ao Congresso SET, esta semana, em São Paulo, e  ao stand do Fórum SBTVD, pode ser revelador sobre o futuro da TV Digital. Muito do que foi discutido nos três dias de evento já é realidade, em teste pelo SBT e pela  Rede Globo.  E deixa claro que a discussão sobre o uso do Java no middleware Ginga é página virada. O Ginga-J é parte do middleware e ponto final.

Nos bastidores, corre que o Fórum SBTDV está muito próximo de assinar um acordo com o Oracle  para a cessão do TCK do Java Virtual Machine, embora a própria Oracle e a presidência do Fórum se recusem a comentar o assunto, alegando que as conversas continuam. “Se isso acontecer, o Fórum e a Oracle farão um comunicado conjunto”, afirma Roberto Franco, presidente do Fórum.

Quando o assunto é o middleware Ginga, a preocupação do Fórum SBTVD agora é outra. E ela ficou muito clara no painel “Além da TV – O o que vem por aí?”, coordenado pelo próprio Roberto Franco. “Nós não temos nenhuma pretensão que a população conheça o Ginga. Mas nós queremos que a população conheça bem os serviços que o Ginga presta”, argumenta Franco. O que remete a discussão para as possibilidades de oferta da interatividade proporcionada pelo Ginga de forma complementar à interatividade proporcionada por outras soluções tecnológicas convergentes como a banda larga como as TVs conectadas, as TVs híbridas, as OTTs e as chamadas second screen.

Em resumo, partindo da premissa de que temos um middleware inovador, e uma realidade muito diferente do de outros mercados, chegou a hora de arregaçar as mangas e começar a discutir os novos modelos demandados pelos consumidores, as novas necessidades, e ousar em criar um padrão.

Estamos diante de diferentes plataformas que atendem a diferentes hábitos de consumo de vídeo. Por que não combinar algumas delas usando o Ginga como a cola? Por que não usar o Ginga com as TVs conectadas? Ou para soluções de VOD? Ou como catch up de dispositivos móveis?

Se olharmos única e exclusivamente com a lente da tecnologia, tudo isso jé é possível hoje.

Algumas empresas já trabalham nesse sentido. Do lado das emissoras, a Globo e o SBT. Do lado da indústria de software, a Totvs/TQTVD. O middleware Astro já tem soluções prontas para o desenvolvimento de aplicações de second screen (ou segunda tela), e a equipe de engenharia da empresa desenvolve há dois anos com a NHK japonesa os requisitos técnicos de uma plataforma híbrida, broadband/broadcast que virou uma recomendação da ITU, a J.205.

Durante a Broadcast & Cable a Totvs/TQTVD mostrava em seu stand uma solução para second screen usada pelo SBT. O objetivo é permitir ao telespectador usar os conteúdos preparados para a segunda tela pela emissora (ou seja, informações adicionais de programas, vídeos, votação em enquetes, t-commerce, etc), e enviados para o televisor através do canal de dados do sinal digital da TV aberta. Tudo isso sincronizado com o programa ou atração transmitida pela emissora.

Para receber esse conteúdo no smartphone ou tablet Android ou IOS basta o telespectador baixar o aplicativo e conectar seu iPhone ou iPad à mesma rede Wi-Fi na qual a TV compatível com DTVi já está conectada. Caso esteja sendo transmitido conteúdo compatível, a sincronização entre os dispositivos se dará automaticamente.

No caso do SBT o internauta é levado para páginas Web do programa que estiver assistindo naquele momento. Mas ao lado desta demonstração, no mesmo stand da Totvs/TQTVD, era possível ver um teste da Rede Globo para a transmissão de videoclips de lances de uma partida de futebol, como um gol, por exemplo, enquanto a partida está rolando no sinal da TV aberta.

“São exemplos de como juntar o melhor dos dois mundos”, disse David Britto, CTO da TQTVD. “E de dar à emissora uma chance de manter o internauta conectado aos sues conteúdos mesmo em outro dispositivo com acesso internet”, explicou.

O aplicativo StickerCenter está disponível na APP Store da Apple e no Google Play. A partir dele é possível inclusive comentar a programação através das redes sociais Twitter e Facebook. O que significa que hoje, a solução do SBT já pode ser testada por qualquer consumidor, em São Paulo, que tiver um televisores com conexão Internet de fabricação da LG, Sony, Panasonic, Philips ou Toshiba. A da Globo, ainda não. A intenção do SBT é medir o quanto os conteúdos de segunda tela serão fáceis de acessar por parte do telespectador, serão ou não do seu agrado, etc. E também o quanto conseguirá evitar que, para que seu telespectador tenha acesso aos conteúdos broadband do SBT ele tenha que deixar de ver a TV aberta.

Outras novidades do SBTVD
Outra novidade da SET 2012 com relação da TV Digital foi o anúncio do governo de que, de fato, a EBC começará a funcionar como operador nacional de rede ainda este ano. Testes piloto, incluindo interatividade, deverão começar em algumas semanas. O primeiro deles na cidade de João Pessoa, na Paraíba.

“O teste lá em João Pessoa, junto com a Câmara, vai incluir multiprogramação, transmissão HD e interatividade plena, com sinal de retorno através de 3G. O conversor da D-Link será custeado pelo Banco do Brasil”, explica  o superintendente de suporte da estatal, André Barbosa. “Nós vamos usar dois canais HD, um canal 1-seg e um canal de dados. No futuro, um dos canais de 6MHz HD será dedicada para serviços”, completa.

Entre os parceiros estão a Universidade Federal da Paraíba, a Federal de Santa Catarina, a Totvs e o Banco Mundial, através do BIRD.

Fonte: IDG Now

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