jul 11

O Módulo Técnico do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital já está debruçado sobre mais uma tarefa primordial para a implantação de TV Digital interativa no país: a especificação da suíte de testes para certificação de receptores interativos, de modo a garantir compatibilidade e interoperabilidade.

“Nossa meta é ter o primeiro esboço da suíte de testes pronto para ser submetido ao Conselho Deliberativo do Fórum em três a quatro meses, a contar de hoje. Uma vez aprovado o esboço, começa o trâmite normal para aprovação e publicação da especificação padrão pela ABNT”, afirma Ana Eliza Faria e Silva, coordenadora do Módulo Técnico, lembrando que essa meta atende a um cronograma agressivo, diante da complexidade do trabalho. Segundo ela, só a documentação da suíte de teste do módulo NCL já tem mais de mil páginas. Comparada à norma, que tem cerca de 300 páginas, dá para ter uma noção de como é um trabalho muito mais detalhado.

Desde o ano passado, o Módulo Técnico vem trabalhando no desenvolvimento dessa especificação. Há um grupo de trabalho constituído, com presença de representantes dos segmentos de recepção, radiodifusão e software em sua estrutura, uma metodologia e tarefas definidas.

E, embora a redação da especificação exija algum esforço, não é nada se comparada às discussões que já começam a acontecer sobre o que fazer com ela. Vai virar código base? Um produto do próprio Fórum SBTVD, que não comporta hoje, em sua constituição, um investimento financeiro dessa magnitude? Um produto entregue pelo Fórum SBTVD a uma instituição certificadora independente, para emissão de um selo de conformidade? Ou a um consórcio, como acontece hoje com a certificação MHP no âmbito do Consórcio DVB?

Há quem defenda a tese de que cada fabricante seja responsável pelo desenvolvimento de sua própria implementação da suíte de testes, a partir da especificação criada pelo Fórum. Há interesse de algumas empresas de software em transformar essa suíte em mais um produto. Mas há que, dentro do próprio Fórum, veja aí um conflito de interesse, principalmente entre as empresas que já vendem hoje implementações do próprio middleware.

“Do ponto de vista técnico, o ideal é que o desenvolvedor da suíte de teste não tenha qualquer relação com o desenvolvedor do middleware”, argumenta Ana Eliza, quando provoco. “Mas isso é uma outra discussão, que cabe ao Conselho Deliberativo”, completa, lembrando que nas últimas deliberações do Conselho ficou claro a necessidade de se ter a especificação da suíte de testes o mais rápido possível. Apenas isso.

“Há níveis de testes e de certificação que dependem dela. E caberá ao Fórum o encaminhamento ao mercado”, diz Ana Eliza, lembrando que o tema deverá ser um dos temas em discussão no próximo congresso da SET, marcado para o fim de Agosto, em São Paulo.

Fonte: IDG NOW

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jul 08

Bolívia também adere ao padrão nipo-brasileiro ISDB-Tb

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Mais um país da América Latina adotou o sistema nipo-brasileiro de TV digital. Dessa vez, o anúncio foi feito pelo governo boliviano. O país testou o modelo e também optou pelo ISDB-Tb em função do desempenho registrado. Com isso, a Bolívia se junta ao conjunto de países que utilizam o padrão: Brasil, Costa Rica, Argentina, Chile, Peru, Equador, Venezuela, Paraguai e Filipinas, além do Japão, que tem a primeira versão do ISDB-T. O governo brasileiro espera ainda um anúncio sobre o padrão escolhido por parte de países africanos como Moçambique, Namíbia, África do Sul e Angola, onde o ISDB-Tb está também sendo considerado.

Fonte: Tela Viva

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jul 03

China produz conversor da TV digital brasileira por R$ 63, mas loja vende a R$ 250

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A Zinwell do Brasil, empresa que fornece equipamentos e soluções chinesas para os mercados de satélite, TV a cabo e TV terrestre, está importando da China septop boxes da TV digital por US$ 35, o modelo mais simples, sem o ginga. A notícia parece boa, já que o mercado brasileiro sofre com a falta de oferta desse equipamento a preço baixo, mas não é.

Essa é a opinião de industriais brasileiros e de formuladores de políticas públicas para o setor. Eles avaliam que o equipamento produzido a este preço não terá concorrentes no Brasil, o que dificultará, por exemplo, medidas de incentivos para que o conversor seja fabricado no país em larga escala, como pretende o governo.

Também não serve de alento para o consumidor, adianta o empresário, porque o produto está sendo vendido a mais de R$ 250 em uma grande rede varejista do país. “A comercialização prevê lucros estratosféricos, já que cada unidade sai a R$ 63”, disse o industrial.

Além do conversor próprio para o padrão nipo-brasileiro, de 6MHz, a empresa chinesa também vende o septop box de 8 MHz, que poderia ser usado na África, caso países daquele continente queiram aderir ao sistema.

Fonte: FNDC

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jun 28

Padrão da TV digital brasileira poderá ser adotado por 17 países africanos

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A dedicação do governo brasileiro de convencer outros países a adotar o padrão de TV digital nipo-brasileiro pode resultar na adesão de 17 países do Continente Africano. O assunto está entre os temas que serão abordados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem que fará em julho ao Continente Africano, liderando uma missão de autoridades e empresários brasileiros.

De acordo com o assessor especial da Presidência da República para o assunto, André Barbosa, os técnicos que foram escalados pelos 11 países africanos ligados à Comissão para o Desenvolvimento da África Austral (Southern Africa Develop Commission – SADC) já fizeram testes preliminares e deram aval ao sistema nipo-brasileiro. O padrão Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial (ISDB-T) foi criado no Japão e tem sido desenvolvido de forma conjunta com o Brasil.

“Funcionou perfeitamente. Agora, [os técnicos] vão apresentar as conclusões aos ministros. A Europa sabe que vai perder essa concorrência porque nosso sistema é muito melhor [que o padrão europeu DVBT]”, disse Barbosa à Agência Brasil.

“Não tínhamos a menor dúvida de que, ao comparar o nosso padrão com o europeu, os técnicos africanos chegariam à conclusão de que o nosso é melhor. Foi com essa certeza que trabalhamos para convencê-los a fazer essas análises”, explicou o assessor.

Segundo ele, a superioridade do padrão nipo-brasileiro se deve principalmente ao potencial de interatividade. “Para os africanos, nosso padrão será muito mais interessante, principalmente porque associa a TV digital a uma interatividade que, no caso do padrão europeu, é muito mais limitada”.

Barbosa argumenta que o tipo de interatividade proporcionada pelo padrão ISDB-T é interessante para países que, como a maioria dos africanos e alguns latino-americanos, possuem estrutura razoável de broadcasting televisivo mas não têm, ainda, a internet de banda larga implantada.

Além disso, o padrão europeu apresenta, segundo Barbosa, falhas na conexão com celulares. Sabendo disso, os europeus criaram um outro sistema mais moderno, o DVBT 2, mas que só foi implantado na Inglaterra. “O problema é que o DVBT 2 é muito caro, principalmente para os padrões africanos”. O assessor explica que o novo sistema europeu custa cerca de 240 euros para o telespectador, enquanto o sistema brasileiro sai por cerca de R$ 200 (menos de 100 euros).

A previsão é de que a decisão final sobre o padrão a ser adotado pelos países africanos que participam das negociações seja tomada a partir de setembro, após a apresentação das conclusões na próxima reunião da SADC. “Apesar de não haver nenhuma obrigação de que a decisão seja tomada em bloco, acreditamos que esta seja a tendência, uma vez que, até pela proximidade, esses países precisam ter seus sistemas em condições de ser integrados”, avaliou Barbosa. “Nossa expectativa é a de convencer todos os 11 países ligados ao bloco. Mas com a influência deles nos países vizinhos, é possível que o sistema seja adotado por cerca de 15 países, podendo chegar a 17, abrangendo também países como Quênia, Tanzânia e Guiné Equatorial”.

Com sede em Botswana, o bloco da SADC escalou técnicos de quatro países – Botswana, África do Sul, Namíbia e Moçambique – para fazer a avaliação.

Segundo Barbosa, a missão presidencial prevista para o início de julho será reforçada pela participação de empresários brasileiros nas negociações com possíveis parceiros econômicos, principalmente no Quênia, na Tanzânia, em Zâmbia e na África do Sul.

“O presidente Lula levará empresários brasileiros para discutir o assunto. E para reforçar, o governo brasileiro entregará aos ministros desses países uma carta compromisso – assinada pelos ministérios das Relações Exteriores e das Comunicações – garantindo a transferência de tecnologia e a abertura de royalties, além da apresentação de estudos de viabilidade de uso do espectro [de radiofrequência] e da canalização [do sinal digital]”, disse o assessor da Casa Civil.

Moçambique e Botswana já receberam as cartas compromisso. Tanzânia, Quênia, Zâmbia e Guine Equatorial receberão em breve. O documento garante, ainda, a doação de laboratórios para produção de material audiovisual, fornecimento de recursos humanos brasileiros e treinamento de pessoal. “Certamente o presidente Lula abordará o assunto nas reuniões que terá com os presidentes africanos”, disse Barbosa. “Mas este não será o principal tema da pauta de conversações”, acrescentou o assessor.

Fonte: FNDC

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jun 22

Governo quer 15 milhões de conversores produzidos em três anos

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Embora o setor de eletroeletrônicos ainda se mostre reticente, o governo aposta em uma política para a produção de conversores para a TV Digital. A meta é a elaboração de um programa que incentive a fabricação de 15 milhões desses equipamentos entre 2011 e 2013. Na mesa, discussões sobre subsídios ou desonerações fiscais, inclusive sobre outros produtos, como forma de “sensibilizar” os fabricantes.

“Estamos plantando uma ideia para o futuro, não para o curto prazo, mas de médio prazo. É o começo de uma conversa com o objetivo de termos tipos diferentes de set top boxes no mercado, um deles com menor capacidade de processamento, mas que fique por algo como R$ 200”, conta o assessor especial da Casa Civil, André Barbosa.

Nesta segunda-feira, 21/6, Barbosa participou de reunião com empresários ligados à Eletros – Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos – onde voltou a insistir na necessidade de conversores para que a TV Digital possa ser aproveitada pelos brasileiros mais pobres: ou seja, tentou convencer a indústria a não apostar somente na venda de televisores com os conversores embutidos.

“Queremos ter um programa para a produção de 15 milhões de set top boxes em três anos, a partir de 2011, voltados para os lares brasileiros das classes D e E. Vou conversar sobre isso no governo, na própria Casa Civil, nos ministérios do Desenvolvimento e da Ciência e Tecnologia, além da Fazenda. O governo poderia dar subsídios, embora isso seja o menos provável, ou algum tipo de renúncia fiscal, mesmo que sob a forma de contrapartida em outros produtos”, explica o assessor da Casa Civil.

A compensação tributária em outros produtos foi uma ideia dos próprios empresários apresentada durante a reunião. Acontece que os fabricantes resistem à produção de conversores também porque acham que mesmo com os possíveis incentivos – da parte do governo federal os mais prováveis são desonerações de PIS e Cofins – o preço dos equipamentos não cairia abaixo dos R$ 200. Ainda que se chegue nesse valor, o governo teria que incentivar o varejo a vender os conversores em suaves prestações.

Barbosa deixou o encontro otimista, mas reconhece que os fabricantes ainda se dividem entre os que topam negociar – como teriam sinalizado Sony e Samsung – e aqueles que preferem manter a estratégia atual – caso de LG e Semp Toshiba. Mesmo assim, a indústria argumenta que falta demanda pelo produto, especialmente porque os radiodifusores ainda estão tímidos na programação digital, e mais ainda naquela com iteratividade.

A lógica por trás desse argumento é simples. Como os set top boxes têm margem de lucratividade menor, os fabricantes alegam que precisam de uma demanda forte para compensar os investimentos. E entendem que essa demanda não existe, ao menos por enquanto, porque a televisão ainda não tem muito o que oferecer em conteúdos para a TV Digital.

“Sabemos que para a coisa deslanchar é preciso três coisas: infraestrutura, o que virá em parte com a licitação da TV Pública, mas também esperamos ofertas pelas tevês privadas; cobertura, para que as pessoas recebam o sinal digital em suas casas; e conteúdo digital. Vamos investir nisso durante esse próximo ano e em meados de 2011 podemos ter um cenário diferente”, calcula André Barbosa.

Fonte: Convergência Digital

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jun 22

Entrevista do Watson Odilon ao blog Mundo Digital

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1- Fale sobre o Grupo Ginga-DF. Como surgiu? Porque? Qual o objetivo?

O Ginga-DF surgiu depois de eu ter participado, em 2007, da oficina de multiplicadores que aconteceu na PUC-RIO para a semana Ginga Brasil, onde fui representando a Associação Cultural FAISCA em que sou membro, para fazer parte de um grupo que passaria por uma formação com o objetivo de se tornarem multiplicadores desse conhecimento. Essa oficina aconteceu simultaneamente em mais ou menos 16 estados brasileiros. Após essa semana, junto com a Associação Cultural FAISCA, oferecemos cursos gratuitos e várias palestras para a comunidade do DF.

O grupo tem como objetivo estar reunindo pessoas interessadas em falar sobre a TV digital e diminuir a distância que existe entre a sociedade e a tecnologia, essa distancia fica ainda maior quando se trata de pessoas afastadas dos centros e com acesso limitado a internet.

2- O que é o Ginga?

Ginga é um Middleware para aplicações de TV Digital adotado pelo Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD) e que será instalado em conversores (set-top boxes) e em televisores. Ele possui bibliotecas, máquinas de execução para as linguagens oferecidas para o desenvolvimento de aplicações. Middleware é a camada de software que fica posicionada exatamente entre a infra-estrutura (hardware) e o código das aplicações.

3- Quais são as suas formas?

O sistema é subdividido em três subsistemas principais interligados (Ginga-CC, Ginga-NCL e Ginga-J), que permitem o desenvolvimento de aplicações seguindo dois paradigmas de programação diferentes (declarativo e procedural).

Ginga-CC (Ginga Common-Core) oferece o suporte básico para o ambiente declarativo e procedural e tem como principais funções a exibição dos objetos de mídia JPEG, MPEG-4, MP3, GIF, o controle do plano gráfico, o tratamento do canal de interatividade, entre outras.

O ambiente de execução que processa aplicações NCL (declarativo) é chamado de Ginga-NCL, que é uma aplicação XML com facilidades para a especificação dos aspectos de interatividade, sincronismo espaço-temporal entre objetos de mídia, adaptabilidade, suporte a múltiplos dispositivos e suporte à produção ao vivo de programas interativos não-lineares.

Já o ambiente que controla a execução de aplicações baseadas nas APIs Java TV (baseada no GEM, Global Executable MHP, que tem custos de royalties) e Java DTV (desenvolvido especialmente para o SBTVD e livre de royalties) é chamado de Ginga-J (procedural) que possui facilidades especificamente voltadas para o ambiente de TV digital.

Para informações mais detalhadas, visite o site oficial: https://www.ginga.org.br

4- Em que ponto está o desenvolvimento deste middleware?

O Ginga-NCL desenvolvido pela Puc-RJ já está pronto para ser utilizado enquanto a o Ginga-J desenvolvido pela UFPB esta sendo refeito utilizando a API JavaDTV livre de royalties esse acredito que em breve estará disponível para uso.

5- De que forma o Ginga interfere na interatividade?

Você já ouviu falar da frase: “TV Digital interativa se faz com Ginga”, então se você possui um equipamento (seja ele uma TV, um celular, etc…) que receba sinal digital e não tenha o Ginga instalado (ou embarcado), você só recebera o sinal digital tendo uma melhora significativa em sua imagem, porem você não conseguirá ter interatividade, ou seja, sem Ginga sem Interatividade.

6- Qual a vantagem que o Ginga pode trazer para o sistema digital?

O grande diferencial do Ginga para os outros padrões de TV Digital existentes no mundo é a Portabilidade, Mobilidade, Interatividade e o Som multicanal (5.1), sem dúvida essas são as grandes vantagens que o Ginga está trazendo, sem dizer que é hoje o padrão de TV Digital mais avançado que existe que inclusive é recomendado pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), órgão de padronização e regulamentação em telecomunicações ligado às Nações Unidas.

7- O que é TV digital?

É a tecnologia de transmissão de sinais de televisão em códigos binários 0 ou 1 como nos computadores, que proporcionará gratuitamente ao telespectador melhor qualidade de áudio e vídeo entre vários novos benefícios, como assistir televisão em movimento (dentro do carro, do trem, etc…) e interagir com os programas.

8- Como faço para acessar a TV digital?

Para acessar os canais em alta definição, é necessário ter um conversor digital (set-top box) ou uma TV com conversor embutido e uma antena UHF. Para obter a melhor qualidade das imagens de alta definição, também é preciso ter um aparelho de TV com tecnologia Full HD (1.920 x 1.080).

Como dito acima, isso não quer dizer que o telespectador terá interatividade, interatividade só com Ginga, caso não tenha o Ginga embarcado no equipamento terá somente a melhora do sinal.

9-   Quais são as possibilidades que a implantação de um sistema de TV digital traz para o país?

As mudanças provindas da digitalização vão alem da melhoria da transmissão ou da programação, esta nova opção possibilita inovações em múltiplos campos, dando novas utilidades ao televisor ou mesmo dando a outros equipamentos eletrônicos a oportunidade de atuarem como reprodutores de sinal digital televisivo.

A adoção de uma plataforma nacional de middleware de código aberto, como o Ginga, que inclusive já foi adotado por vários países da América Latina e já existem outros países interessados fora do cone sul, como a África, possibilita a geração de empregos com mão de obra qualificada, dando mais incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento, fortalecendo e expandindo o mercado de software e conteúdo interativo dentro e fora do Brasil, mercado esse de alto valor agregado.

Mas essas possibilidades vão muito além disso…..

10-  Quais são os diferenciais técnicos do sistema de TV digital? Muda o formato dos programas?

Os diferenciais foram respondidos no item 6.

O formato muda sim, os programas gravados e transmitidos em alta definição têm formato 16:9 (relação entre largura e altura da tela), como no cinema. Na transmissão analógica, o formato é mais quadrado: 4:3. Com a TV digital, será possível ter um ângulo de visão maior nos televisores mais modernos. Segue uma imagem para ter idéia de como isso acontece:

11-   O padrão de alta definição torna mais difícil a produção de programas por pequenas emissoras?

Com o avanço e o barateamento das tecnologias digitais de produção audiovisual, um grupo maior de pessoas, coletivos e comunidades passam a ter acesso aos mecanismos de produção audiovisual com altíssima qualidade de áudio e vídeo com um pouco mais de facilidade.

Creio que ajudará no caso das comunidades que antes tinham chegar até uma grande emissora de televisão para apresentar seu conteúdo televisivo e ainda receber um não como resposta, com os canais públicos disponíveis essas comunidades poderão estar transmitindo seu conteúdo televisivo para sua e outras comunidades apresentando assim a diversidade cultural existente em nosso pais.

12-  Como será a interatividade?

Quando for implementada você poderá interagir com o programa que estiver assistindo, como por exemplo, saber quem são os principais atores e a sinopse do filme, ou comprar um produto que aparece na tela e lhe interessa, ou participar de uma enquete. Serão muitas as opções só vai depender da necessidade e da criatividade dos fornecedores de conteúdo.

13-   A que ponto está a aplicação da interatividade? O que falta para iniciar sua implantação?

A norma Ginga foi fechada recentemente e todo receptor deve estar em conformidade com a Norma da ABNT (NBR 15.606-1:4), agora estamos dependendo praticamente da indústria de recepção e software. A argentina começou esta semana a distribuição gratuita de 600 mil conversores, quem sabe não vamos importar conversores da Argentina com tecnologia nacional.

14-  O que é multi-programação?

É a possibilidade das emissoras transmitirem mais de um programa simultaneamente – ou até mesmo ângulos de câmeras diferentes em um jogo de futebol na copa do mundo por exemplo. Com isso às emissoras tem a possibilidade de explorar desde alta definição até vários programas dentro de um mesmo canal.

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Watson Odilon é Coordenador do Grupo Ginga-DF, membro da Associação Cultural FAISCA, professor Universitário, Analista de Sistemas pós graduado em Sistemas Orientados a Objetos pela UNB e Mestrando pela UNB, com mais de 8 anos de experiência em desenvolvimento de sistemas e com 3 anos de experiência em TV Digital atuando como professor, desenvolvedor e palestrante.

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jun 16

TV digital brasileira é também uma política abrindo fronteiras: Entrevista com Juliano Maurício de Carvalho

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A televisão digital é muito mais do que mudança tecnológica ou ganho em imagem. Trata-se de um novo referencial que proporcionará a mobilidade, portabilidade, mas, especialmente, novos processos na cadeia produtiva audiovisual, como o modelo de negócios, investimentos, parcerias nacionais e – rompendo divisas – internacionais.

Atualmente, não só o Brasil, mas todos os países que vivem a digitalização da TV, enfrentam a questão de como resolver a interatividade e a convergência com as demais plataformas. Uma nova cadeia produtiva audiovisual se organiza e novos realizadores poderão definir melhor “a cara do Brasil” para o mundo.

Para ampliar as reflexões sobre esse setor, entrevistamos Juliano Maurício de Carvalho, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Televisão Digital: Informação e Conhecimento da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e conselheiro do FNDC. Com esta entrevista, o e-Fórum inicia uma série de depoimentos sobre o novo cenário das comunicações, recapitulando conceitos e destacando abordagens.

e-Fórum – Frente às últimas mudanças nas comunicações, o que representa a TV digital?

Juliano – Com a TV digital ocorrem, basicamente, duas mudanças. Uma delas é a de tecnologia, que passa da analógica, com um tipo de recepção e de transmissão de sinais, para a tecnologia digital. A segunda mudança, decorrente desse processo de digitalização, é a alteração na maneira como será produzida a televisão, e também na forma como ela será recepcionada.

A nova forma de produção inclui novas alternativas de cenário, de captura, de mudança de roteiro, de organização da grade, de demanda de televisão, e uma mudança grande na forma de receber, como, por exemplo, com a introdução da interatividade.

Em síntese, os aspectos que de fato significam essa troca de tecnologias são a transferência de uma transmissão [analógica] que sofre interferência [sombra, chuvisco] para uma tecnologia digital onde você não deverá ter interferência. A captura e o processo de transmissão de conteúdo em alta definição, por exemplo, é muito superior. Enquanto no padrão analógico alcançavam no máximo, e raras vezes, 525 linhas de definição de imagem, no padrão digital trabalha com 480 linhas em padrão standard, 720 linhas em HD [high definition, ou alta definição], e 1080 em Full HD [Alta definição máxima, 1920 pixels de resolução horizontal por 1080 linhas de resolução vertical. [Pixel é.um ponto que forma a imagem digital – milhares de pixels formam a imagem inteira.

Nós vamos viver também, do ponto de vista tecnológico, uma mudança na multiplexagem [capacidade para transmitir sobre um só suporte físico, de velocidade elevada, dados que provêm de vários pares de emissores e receptores].

Com a melhor utilização do espectro de frequências, graças à compressão dos codec de televisão [tipo de um “intérprete poliglota” capaz de traduzir vários “idiomas” diferentes para o seu receptor], um canal de 6 MHz pode ser transmitido, por exemplo, em até 4 canais, se for em padrão standard [menor resolução de imagens], até 2 canais em HD, ou 1 em Full HD. Isso proporciona uma grande qualidade de imagem que, aliás, é a grande propaganda dos diretores das empresas (radiodifusoras).

Outras duas características dessa mudança, muito importantes do ponto de vista tecnológico, são a mobilidade e a portabilidade. O sistema digital permite a recepção do sinal em movimento. Ele conta com transmissões dedicadas aos dispositivos portáteis. Por exemplo, um canal , na transmissão digital pelo padrão nipo-brasileiro [ISDB-T], já é preparado para ter recepção direta no celular. Isso assegura a portabilidade e a mobilidade, que é a possibilidade de ter a televisão em movimento, em qualquer local, sem haver quebra de sinal.

E o último aspecto dessa característica tecnológica é a possibilidade da interatividade. Ou seja, você pode rodar um aplicativo multimídia, você tem a condição de oferecer serviços por meio de televisão. Claro que isso depende de dois aspectos. Um, é a grande novidade no sistema brasileiro, que é o Ginga, o middleware desenvolvido no Brasil; outro é a definição do canal de retorno [necessário para haver a interatividade], que é uma outra discussão grande. Se contemplarmos esses dois aspectos, nós podemos ter um encaminhamento muito positivo em relação à interatividade.

e-Fórum – O Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD) foi criado sob muitas dificuldades e críticas. Como pode ser avaliada a sua criação e situação atual?

Juliano – Uma discussão foi iniciada no Brasil já no final do governo Fernando Henrique Cardoso, quando o país flertava com a possibilidade do padrão norte-americano de TV digital [Adventure Television Systems Committee – ATSC]. Depois, num segundo momento, no governo Lula, houve a definição de um Conselho Consultivo, que apontava para a perspectiva de um grande envolvimento da sociedade no processo. Isso resultou, no final de 2006, no Decreto 5.820/2006, que trata da escolha do padrão japonês [ISDB – Integrated Services Digital Broadcasting] para o País [ISDB-T, ou Serviço Integrado de Transmissão Digital Terrestre].

Agora, o que nós temos do padrão japonês (original) é somente a modulação. A ele adaptamos um middleware brasileiro, o Ginga, que é o software – aquilo que faz o pacote de dados que vem da emissora “conversar” com o receptor de televisão. Ou seja, é uma ferramenta fundamental para fazer os aplicativos rodarem, para que haja interatividade e uma série de serviços, que é o grande aspecto cidadão de uma televisão digital. O Ginga é um software livre, aberto, uma produção brasileira já devidamente certificada, e que foi inclusive oferecido para os países da América do Sul e Central que optaram pelo padrão nipo-brasileiro, batizado ISDB-T, [Peru, Chile, Equador, Argentina, Venezuela e Costa Rica].

e-Fórum – Então, a principal característica do SBTVD é uma característica que vem de um software produzido aqui?

Juliano – Exatamente. O que nós temos do modelo do padrão japonês é sua modulação. Agora, a forma com que se estruturam as redes, como nós vamos construir o canal de retorno, todos esses aspectos estão contidos em outras políticas públicas já vigentes ou a serem construídas no Brasil.

Se fizemos [sociedade civil] um alarde tão grande, foi porque queríamos a condição de discutir o modelo, o sistema de televisão, e não só o padrão. Queríamos pensar a televisão, sua relação com a cultura e com a economia brasileira enquanto um projeto de sociedade, para depois pensarmos a opção tecnológica. Para isso, fizemos uma luta muito grande e não equivocadamente. [A definição de um sistema brasileiro de TV Digital foi alvo de intenso debate entre a sociedade civil e o Estado. [Acesse aqui um rol de documentos armazenados pelo FNDC acerca do assunto].

Por outro lado, não se pode desconsiderar que o padrão japonês de modulação é um dos melhores em matéria de tecnologia que tem no mundo.

e-Fórum – E o que abrange a modulação?

Juliano – A modulação é uma tecnologia que organiza o sinal dentro do transmissor de televisão. Isso inclui qualidade de imagem, resolução de linhas, compactação do áudio. Todas essas características estão previstas nessa modulação japonesa, que tem ainda a vantagem da portabilidade e da mobilidade, ou seja, a televisão pode “andar”, pode ser recepcionada no celular e também parte de uma grande qualidade de imagem.

Essas características também estão presentes no padrão europeu [DVB – Digital Video Broadcasting], no modelo norte-americano, mas de maneiras diferentes. O padrão europeu, por exemplo, não prioriza a mobilidade, porque tem que ter um padrão de televisão para vários países muito próximos. Então a característica da mobilidade é menor do que para um país de proporções continentais como é o Brasil.

e-Fórum – Como está evoluindo a tecnologia da TV digital no Brasil?

Juliano – Há várias frentes de evolução. Uma delas passa pelo desenvolvimento de software, que na televisão a gente chama de middleware, como já mencionei antes. Outra é a evolução no embarque [expressão que designa o uso da tecnologia pelo sistema, que passa a “carregá-lo”] desse middleware. A partir da especificação, da norma publicada pela ABNT [Associação Brasileira de Normas Técnicas, órgão responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro], as empresas que produzem receptores de televisão e as empresas que produzem os dispositivos de rádio, Ipods, celulares, podem incorporar o middleware à sua tecnologia, seu hardware. [Leia aqui as normas da ABNT para a TV Digital].

Aí tem outro nível de desenvolvimento, um terceiro nível, que é a combinação – da porta da emissora para dentro – dessas características do ISDB-T. É o padrão nipo-brasileiro sendo utilizado pelas emissoras para produzir soluções para a produção de programas de TV, para transmitir no celular, para produzir roteiros interativos.

Cada vez que muda a tecnologia, ou o seu referencial, mudam os outros processos na cadeia produtiva da televisão. Dependendo de que fase está o processo de produção ou de uso da TV digital, ela vai se desdobrar em outras ações, como modelo de negócios, investimentos, parceiros nacionais e internacionais, isso tudo vai variar de um cenário para outro.

e-Fórum – Na informática, estamos acostumados com as coisas ficando obsoletas rapidamente. Na televisão, não estamos acostumados com isso. Como se incorpora essa mudança?

Juliano – Vamos começar a viver na TV o que já vivemos na informática em geral. Quando se fala em TV digital com as novas tecnologias, estamos falando em uma cultura informática. Temos que ter antivírus, guardar arquivos. Como o middleware será atualizado? Toda a cultura da TV está sendo pensada para que se faça a atualização do middleware à distância. A própria emissora de TV, quando roda seu carrossel de dados e manda para o receptor a programação, ela dispara um pacote de dados que é compreendido por esse middleware e faz a atualização.

Há uma grande discussão pelo mundo entre os desenvolvedores desses sistemas, de que nem o Japão conseguiu fazer ainda direito essa atualização e de que isso é muito complicado de ser realizado. Agora, há aqueles que dizem que o Ginga, um software aberto, que já está sendo embarcado, prevê essa possibilidade de atualização.

e-Fórum – Quais são as outras oportunidades proporcionadas pela TV digital?

Juliano – Tem coisas importantes acontecendo. A promessa de interatividade é grande parte da gama de negócios. Outra coisa é que o Brasil “sacou” uma coisa chamada indústria cultural, definitivamente, enquanto política de Estado.

A solução, para outros países da América Latina, representada pelo padrão brasileiro, não representa simplesmente uma mudança no modelo de televisão desses países, mas uma forte vocação de integração cultural, de ampliação de mercado, de política de relacionamento multilateral. Eu acho que esse é um movimento riquíssimo deste governo federal, que agora também está flertando com a África. Isso não é só tecnologia. O que vem depois é a cultura, as nossas produções, nossas cooperações o desenvolvimento conjunto. De um outro modelo mundial de televisão.

De certa maneira, a questão tecnológica está bastante equacionada neste momento. Saiu o primeiro middleware, acabou de sair o primeiro celular com o Ginga embarcado. Daqui para frente, o povo da informática vai continuar trabalhando de acordo com a demanda que o pessoal da comunicação e da produção de conteúdo vai continuar exigindo.

Mas tem o outro lado, o lado da cultura. Na Argentina, por exemplo, que adotou o padrão nipo-brasileiro, a TV Digital virou política de cultura de Estado. É um momento que ainda vamos viver, de escolha de modelo de produção de cultura, de exportação, de cooperação.

Uma preocupação recorrente na Argentina é distribuir conteúdo por essa nova plataforma para todo o país que fala castelhano na América do Sul. Eles estão enxergando isso enquanto política de estado, relações internacionais, enquanto indústrias criativas. Aí é importante ter uma plataforma tecnológica e um modelo que possa “conversar” com o Mercosul.

Quando a gente pensar que amanhã tudo estará resolvido do ponto de vista da tecnologia, da questão da internet com a televisão, do conteúdo sob demanda, a interatividade poderá ser feita em cooperação entre esses países todos, em termos de audiovisual.

e-Fórum – Como casar a produção de TV com arranjos produtivos locais?

Juliano – Se não tivermos uma política para desenvolvimento de conteúdo em audiovisual (isso inclui as mídias convergentes), não há uma força dessa produção, ela não ocupa espaço num dos mercados que mais cresce no mundo, e, portanto, não faz ofensiva internacional.

Então, quando o Brasil leva sua plataforma para estes países, está acoplado a isto, à possibilidade de desenvolver uma política de conteúdo. O governo brasileiro tem a compreensão quanto a isto. Em outras palavras, não é a Rede Globo que definirá mais a cara do Brasil para o mundo.

e-Fórum – Como está o Brasil em relação ao resto do mundo?

Juliano – Se fizermos a comparação com o Japão, sobre o canal de retorno, eles estão anos-luz à frente, porque têm um operador nacional de rede. Sempre tiveram. Do ponto de vista do desenvolvimento de conteúdos locais, em relação à Europa, ela foi para frente e voltou. Num primeiro momento, a Europa optou por uma solução da iniciativa privada e depois recuou, porque entendeu que o Estado tinha que fazer essa mediação – a ponto de o governo britânico distribuir receptor de televisão, inclusive.

No modelo americano, tem uma parte significativa da digitalização da TV que pode ser cabeada – que passa pela TV por assinatura – então, a introdução da TV digital lá não é grande novidade e o padrão deles privilegia outras coisas, como a resolução de imagens, por exemplo, que lá já estava resolvida com a teelevisão a cabo. O modelo chinês ainda está em curso.

Hoje, poucos países têm as soluções interativas que criam as condições para a convergência digital da televisão com as outras plataformas digitais. Esse é o imbróglio dado para todo mundo. Estamos o tempo todo falando em televisão digital terrestre. Por exemplo, a BBC de Londres passou quase uma década discutindo se iria fazer televisão digital terrestre ou IPTV [Internet Protocol Television, ou a conectividade da TV com a internet]. E hoje há quem diga – e isto está se alastrando pelo mundo inteiro – que a solução para o audiovisual é o IPTV, porque tem largura de banda [espaço disponível para cada canal].

Não acho que seja tão simples assim, até porque a cultura televisiva passa por outros aspectos. Mas o grande problema, no mundo inteiro, são as duas equações: como resolver a interatividade e como resolver a convergência com as demais plataformas.
Neste sentido, o Brasil não está atrasado, até porque estamos buscando essas soluções.

Na Europa, por exemplo, tem países onde isso ainda não está resolvido, então não dá para dizer que a Europa está na frente. Os americanos também. Quando eles adiaram várias vezes o apagão do padrão analógico, entre outras razões, foi porque a população não via motivo para trocar a plataforma instalada para o digital. Isso significa que o modelo de negócios não está resolvido. No Canadá, por exemplo, o apagão está previsto para 2011. Então, está todo mundo mais ou menos vivendo o mesmo período de transição. A prioridade, neste período, é resolver o problema da capacidade instalada – as pessoas não podem viver o apagão, tem que ter condições.

Nem nos componentes, nem nos conteúdos, os sistemas de fomento audiovisual vão colocar muito dinheiro para pensar soluções que potencializem as vantagens da digitalização, enquanto não se compreende quem é que no país está recepcionando, quem é que vai construir esse novo modelo de negócios.

e-Fórum – Quem recebe TV digital em casa no Brasil?

Juliano – No final de 2009, haviam sido vendidos dois milhões de equipamentos que podem recepcionar TV digital, as próprias, ou o set-top box [equipamento que se conecta a um televisor para transformar o sinal em conteúdo, no formato que possa ser apresentado em uma tela]. Notadamente, nas praças onde o sinal está disponível. A expectativa, com a Copa, é que tenhamos cinco milhões de unidades vendidas em 2010. Esta é uma estimativa do Fórum SBTV-D. É um número significativo em matéria de capilaridade.

e-Fórum – O SBTVD vai representar a democratização da comunicação no país?

Juliano – Depende da compreensão que se tem da democratização da comunicação. Se você a compreende como o acesso à mídia, pouco. Se você entende a democratização da comunicação como a possibilidade de geração de conteúdos plurais e diversos para a mídia, muito. Se você a entende como a diversidade da propriedade, pouco. Então, depende dos indicadores, das características. Em outras palavras, nós nunca tivemos tanta oportunidade de gerar conteúdo, e colocar esse conteúdo na plataforma de rede como nós estamos vivendo e vamos viver no futuro.

Agora, quem organizará esse conteúdo? A dinâmica de grade, que é aquilo que caracteriza uma emissora de televisão, será mantida? Por que a dinâmica de grade seria a cultura típica da televisão, mas a dinâmica de grade é uma grade, esse nome diz tudo, ela é um limitador.

Aí tem os críticos que dizem: mas tem um atenuante disso que é a multiprogramação [transmissão de programações simultâneas de televisão na frequência designada para uma determinada emissora transmitir seu sinal, digitalizado]. Mas a multiprogramação é mais do mesmo, ou a possibilidade de outros players [mais empresas produzindo audiovisual] e outra geração de conteúdo? Eu não creio, por exemplo, que grandes emissoras como Globo, Record, Bandeirantes, SBT terão players independentes da sua programação. Mas haverá uma filosofia de audiovisual que se adapta.

e-Fórum – A digitalização da TV acabará com os “donos da mídia” no Brasil?

Juliano – Depende. Se nós experimentarmos uma mudança na regulação, uma ampliação da multiprogramação para as TVs abertas, com a entrada de novos players no mercado, pode significar uma reconfiguração da cadeia produtiva e obviamente da propriedade da mídia no Brasil, especialmente a aberta e comercial.

Agora, a se jogar nas regras que estão vigendo, nós não vamos experimentar uma diversificação da propriedade da mídia televisiva aberta. Isto não vale necessariamente, para o conteúdo. A possibilidade da convergência está permitindo a entrada de novos atores na cadeia produtiva do audiovisual, mas isso pode significar novos donos do conteúdo, não necessariamente novos donos da mídia.

e-Fórum – O que acontecerá com a televisão analógica depois da migração completa para a TV digital?

Juliano – Do ponto de vista tecnológico, vamos desligar os transmissores dessas frequências e elas serão realocadas para o uso de outras modalidades de telecomunicações no Brasil. Do ponto de vista do conteúdo, todo o processo de produção, de captação e transmissão ao longo da transição (até 2016), já está em curso, e já vai mudando a característica da televisão aberta.
Obs.: as notas explicativas são de autoria do e-Fórum.

Sobre Juliano Maurício de Carvalho:
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Televisão Digital: Informação e Conhecimento (mestrado profissional), docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Midiática (mestrado acadêmico) e do Curso de Jornalismo, líder do Lecotec (Laboratório de Estudos em Comunicação, Tecnologia e Educação Cidadã) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Membro da Comissão Assessora da Área de Comunicação Social do Inep-MEC. É diretor do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ) e conselheiro do Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação (FNDC). Doutor em Comunicação Social (Unesp).

Fonte: FNDC

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jun 15

Filipinas é o novo país a adotar o sistema nipo-brasileiro de TV digital. Com a adesão, a população com acesso ao ISDB-Tb (Integrated Service Digital Broadcasting) chega perto de meio bilhão de pessoas, sem contar com a população do Japão, de 130 milhões de pessoas, inventor do padrão original, mas que ainda não incorporou as melhorias introduzidas pelo Brasil.

Segundo o assessor especial da Casa Civil, André Barbosa, o padrão ganha escala o que beneficiará a indústria não só de aparelhos de televisão, mas também de septop box. Este é o principal argumento que ele levará à reunião da reunião da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), na próxima segunda-feira (21). A intenção é traçar uma estratégia de barateamento de conversores para TV digital.

Barbosa informa ainda que, na próxima semana, uma comitiva brasileira segue para a Nicarágua para apresentar as vantagens da adesão daquele país ao padrão nipo-brasileiro de TV digital. A expectativa é de que o acordo seja assinado até o início de julho, quando o presidente nicaragüense, Daniel Ortega, visita o Brasil.

Filipinas se une ao Brasil, Peru, Argentina, Chile, Venezuela, Equador, Costa Rica e Paraguai que optaram pela versão do ISDB-T com os avanços incorporados pelo Brasil. Sem contar com o Japão, que originalmente desenvolveu o sistema.

Em Julho, a comitiva brasileira que negocia a disseminação do padrão nipo-brasileiro estará na África, intensificando as negociações com países daquele continente. Serão visitados os países Guiné Equatorial, Zaire, Tanzânia, Zâmbia e África do Sul. Há ainda negociações com Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagascar, Malaui, Ilhas Maurício, Moçambique e Namíbia. Há ainda conversas com outros países da América Central como El Salvador.

Fonte: FNDC

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jun 14

Governo e indústria discutirão viabilidade de incentivos à produção de set-top boxes

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Governo e Eletros devem se reunir em breve para discutir a possibilidade de criação de um incentivo à produção de set-top boxes de TV digital terrestre. A discussão deve ser longa, uma vez que o Ministério da Fazendo ainda é reticente à redução de impostos, enquanto a Eletros pede isenção total de Cofins. Segundo André Barbosa, assessor especial da Casa Civil, trata-se de uma iniciativa inédita, visto que até agora as grandes fabricantes não haviam aceitado discutir a produção dos receptores sem telas. “É o timing do mercado. Eles queriam o retorno dos televisores com receptor built-in para a Copa. Agora já dá para começar a pensar em set-top boxes também”, diz Barbosa.

Hoje a oferta de receptores no mercado se resume a meia dúzia de modelos, que custam aproximadamente R$ 400,00. A isenção fiscal seria capaz de reduzir aproximadamente 10% do preço. Contudo, a aposta do governo é que agora a própria indústria tenha interesse na fabricação e na redução do preço dos set-top boxes. Isto porque boa parte do estoque de telas de alta definição não conta com receptor integrado. Sem uma oferta de set-top boxes fica mais difícil vender estes televisores. Além disso, com a adoção do padrão de TV digital nipo-brasileiro nos países da América do Sul, o mercado potencial cresce expressivamente.

Fonte: Tela Viva

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jun 11

Padrão nipo-brasileiro de TV digital será apresentado em outros países da África

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Empresários e técnicos brasileiros vão apresentar o padrão nipo-brasileiro de TV digital a outros países da África a partir do dia 6 de julho. Eles vão fazer parte da comitiva oficial do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que visitará a Guiné Equatorial, E Zaire, além da Tanzânia, Zâmbia e África do Sul, para tratar de diversos assuntos, inclusive da TV digital.

A demonstração das vantagens do padrão nipo-brasileiro de TV digital será agora embasada com os testes realizados no dia 31 de maio nos países da África Austral (Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagascar, Malaui, Ilhas Maurício, Moçambique, Namíbia, África do Sul, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue). “Nosso objetivo é atingir também os países da África Ocidental, Oriental e Central”, disse o assessor especial da Casa Civil, André Barbosa.

Segundo Barbosa, os testes provaram que é possível implantar o padrão adotado no Brasil em 6 MHz também em 8 MHz, faixa utilizada nos países da África. Com a África do Sul, Zâmbia e Tanzânia, que já testaram o padrão, o objetivo é avançar nas negociações, estabelecer parcerias e acordos bilaterais.

No dia 12 de maio, os ministros de comunicações dos países da África Austral reunidos em Luanda decidiram testar todos os padrões de TV digital existentes no mundo, antes de definir qual deles será adotado em seus países. A decisão foi considerada uma vitória para o sistema nipo-brasileiro de TV digital, uma vez que a tendência era de que esses países adotassem o sistema europeu (DVB), como determinava a convenção de Genebra nº 6.

Além do Brasil e Japão, sete países já adotaram oficialmente o padrão nipo-brasileiro de TV Digital: Argentina, Chile, Peru, Venezuela, Costa Rica, Equador e Paraguai.

Fonte: Tela Viva

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