fev 02

Entidades em defesa da democratização da comunicação alertam para riscos de privar usuários da interatividade oferecida pela TV digital

Entidades que defendem a democratização dos meios de comunicação fizeram manifesto dirigido à presidenta Dilma Rousseff, demonstrando preocupação com a possibilidade de se criar dois tipos de usuários de TV, com níveis diferentes de acesso às novas possibilidades de interatividade oferecida pela transmissão digital.

Com o desligamento do sistema analógico, o governo federal pretende distribuir 14 milhões de kits com conversor e antena para que os beneficiários do Bolsa Família possam captar o novo sinal. Esse conversor virá equipado com o software Ginga C, que permitirá acessar aplicativos e informativos dos serviços públicos, como marcação de consultas médicas, vagas de emprego, extrato do Bolsa Família e serviços bancários, por exemplo. O problema é que outros 13 milhões de famílias do Cadastro Único para Programas Sociais, que identifica famílias de baixa renda para inclusão em demais programas, receberão conversor que não contará com o Ginga.

“As entidades decidiram se posicionar, fazendo uma crítica a essa possibilidade e chamando a atenção do governo, que o governo não poderia criar dois tipos de usuários”, relata a secretária-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Renata Mielli, em entrevista ao repórter Jô Miyagui, para o Seu Jornal, da TVT.

O presidente da TVT, Valter Sanches também demonstra preocupação: “O problema todo é esse, se deturpa um pouco os objetivos de inclusão social, que estavam presentes na lei da TV digital, que era, justamente, a partir da TV digital, promover inclusão e acesso aos serviços públicos e a informações e, sobretudo, a interatividade com a TV para pessoas de baixa renda, que não tem acesso à internet. Isso vai alijar uma série de pessoas desse acesso a esses tipos de serviço.”

Renata afirma que as possibilidades oferecidas pelo Ginga vão contra o interesse comercial de muitas empresas de telecomunicações e, por isso, existe um boicote ao desenvolvimento dessa tecnologia, que se apresenta como concorrente daquelas desenvolvidas pelas próprias operadoras.

“Do jeito que está, está ótimo para os líderes de audiência. Então, para quê mudar? Então, quanto mais se prorroga e posterga, vai se mantendo uma vantagem e eles vão se preparando de outras maneiras para enfrentar um novo cenário de concorrência que poderá vir com essa digitalização”, diz Renata Mielli.

Fonte: FNDC

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