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Os dados divulgados pela EAD, o braço operacional da digitalização da TV, mostram um cenário favorável ao cronograma de desligamento dos sinais analógicos na goiana Rio Verde, em 29 de novembro próximo. Para a EAD, 49% dos lares já estão prontos. E 78% estão tranquilos, porque mesmo sem a transmissão analógica vão continuar assistindo televisão.

Só que para chegar a essas conclusões o Ibope (contratado pela EAD) mudou o critério de domicílios capazes de receber TV Digital. Fez ainda uma leitura generosa dos dados colhidos em entrevistas e da comparação deles com avaliações técnicas in loco. Além de descartar da base os lares que também têm TV paga ou parabólicas, deixou de fora até aqueles com TV de Tubo, “claramente” despreparados. E também os domicílios onde técnicos não puderam entrar.

Por partes: Dos 100% de domicílios pesquisados, foram desprezados 30% que têm TV por assinatura ou antena parabólica. Outros 24% saíram por serem lares com TV de tubo (“claramente analógicos”, diz o Ibope). Dos 46% restantes, em 14% os técnicos não puderam entrar. Como resultado, dos 100% de domicílios, houve visita técnica em menos de um terço, ou 32% deles. Desses, 20% são “domicílios com sinal digital terrestre”.

A partir daí, o Ibope faz extrapolações para o total de domicílios visitados e para o total daqueles com recepção terrestre (70%) e chegou à conclusão de que 45% dos lares “têm condições de acesso” – ainda que essas condições possam incluir “dificuldade de uso” ou mesmo “ausência de antena apropriada”. Com o uso adicional de pistas dadas pelos entrevistados, como se o canal que assiste é 10.1, se há TV de tela plana, ou mesmo uso de conversor, chegou-se aos 49% prontos.

O uso de visitas além de entrevistas se deveu à imensa disparidade obtida na primeira rodada da pesquisa. Ou seja, os técnicos fizeram visitas para tentar verificar se as respostas eram mesmo corretas. Em algumas, as disparidades foram pequenas, na casa dos 10%. Em outras, 25%. E ainda aqueles com quase 50% de distância entre as respostas e o efetivamente verificado como instalações de televisão.

As visitas técnicas apontaram que entre 41% e 45% dos lares visitados (um terço do total da amostra) estão aptos a receber os sinais digitais. Mas há que se considerar que o critério não respeita o que diz a Portaria 481 do Ministério das Comunicações, que estabeleceu o cronograma de desligamento analógico: 93% dos domicílios do município que acessem o serviço livre, aberto e gratuito por transmissão terrestre, estejam aptos à recepção da televisão digital terrestre”.

A ideia de remover a TV paga e as parabólicas é defendida pela EAD, mas não chegou a ser decisão do Gired. Há problemas na transmissão de geradoras locais no caso do DTH (serviço com 60% dos assinantes de TV paga do país). As emissoras abertas temem um incentivo à migração para a TV por assinatura. E, pior, calculam que desprezar lares com TV paga e parabólicas coma 30% do mercado potencial da TV aberta.

Ao fim, os técnicos visitaram 32% dos domicílios da amostra e concluíram que entre 20% e 22% podem receber o sinal digital terrestre, ainda que precisem de alguma instalação adicional de antena. Não por menos, o próprio Ibope reconheça que “o número de domicílios que se declaram digitais é menor do que aquele encontrado pelos técnicos”. Mesmo com a extrapolação que leva a 45% dos lares prontos (ou mesmo 49%), a distância é grande para os 93% (mesmo que sejam mesmo eliminados os lares que também usam TV paga).

Fonte: Convergência Digital

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