maio 20

A exemplo do que aconteceu no projeto piloto em Rio Verde (GO), o switch-off da TV analógica em Brasília deverá contar a princípio com conversores diferentes para a população cadastrada no Bolsa Família e no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), mas a ideia é a de tentar unificar o hardware para esses dois grupos. O set-top box para as famílias do CadÚnico contou com uma configuração menos robusta, o que permitiu a redução do preço e a inclusão de mais pessoas que antes não seriam contempladas no desligamento. “Estamos tentando ver se a gente consegue ter um conversor único para não ter essa diferença, estamos discutindo isso”, explica o conselheiro da Anatel, Rodrigo Zerbone.

O set-top box mais simples, chamado de zapper, é o mesmo distribuído em Rio Verde e tem ainda a vantagem de já estar disponível no mercado, ao contrário dos aparelhos mais parrudos distribuídos para a população vinculada ao Bolsa Família na cidade goiana. A antena para captação do sinal que vem no kit oferecido permanece igual. “Essa discussão vale até para depois no cronograma”, declara.

Avaliação

Zerbone explica que a inclusão do público de baixa renda que não faz parte de nenhum programa social do governo trouxe mais dificuldades em Rio Verde, mas que isso “faz parte do processo e foi motivador para que se refizesse o cronograma, inclusive excluindo grande parte do interior do País”. O conselheiro da Anatel avalia o piloto como um grande aprendizado, incluindo o planejamento com o Gired e a EAD.

O cronograma para o restante do País, segundo recomendou o Gired, agora envolve o desligamento em 2018 nas capitais e grandes cidades para liberar o espectro, de forma que o edital da faixa de 700 MHz não seja impactado e a frequência seja liberada para as operadoras móveis. Além disso, a distribuição dos conversores nos centros urbanos terá o impacto da inclusão do CadÚnico e da mudança de métrica, que considera também o acesso digital via TV por assinatura. “Já temos digitalização muito superior em Brasília, o que demonstra que o processo está caminhando bem e não deveremos ter novos adiamentos”, afirma.

Zerbone, que esteve presente em seminário da Fiesp sobre TICs nesta quarta-feira, 18, descarta ainda uma solução de satélite (incluindo modelo híbrido) para o switch-off, conforme sugerido pela operadora de satélites Eutelsat. A justificativa é que a distribuição em banda C não entrega a programação local dos canais de TV aberta. “Isso é relevante para o consumidor, ele só migra para isso (solução de parabólica ou TV paga) se tiver problema técnico (que o obrigue)”, explica. Ele considera ainda que as pesquisas mostraram que Rio Verde não contou com alteração de base (de TV aberta para paga) além de uma margem de 1% a 2%, considerada “irrelevante em um processo desse tamanho”.

Radiodifusão

“Quando entrou o conversor mais simples, efetivamente o processo deslanchou, foram distribuídos 16 mil unidades, algo em torno de 27% dos domicílios em Rio Verde. É muita coisa porque em Brasília estamos falando de 500 mil (unidades), e o número previsto era de cerca de 370 mil. O ministério tem que ter muita atenção para não distribuir um conversor excessivamente sofisticado”, afirma o diretor-geral da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Luis Roberto Antonik. “Diria que a experiência de Rio Verde foi excelente, aprendemos muito lá, tivemos problemas porque a EAD começou a trabalhar muito tarde, mas não é culpa deles, hoje estão experientes, temos todas as condições de acontecer dentro do cronograma”, avalia.

Para o gerente de engenharia do SBT, Alexandre Sano, a transição do modelo analógico para o digital é um processo delicado, mas o importante é evitar um apagão televisivo no País devido à penetração e à importância da TV para o brasileiro. “Atrasos têm que acontecer quando for identificado que a população não está sendo atingida com sinal digital, quando não tem capacidade de investir em receptor ou conversor. E há de se considerar que o investimento por parte das emissoras é muito alto. Um cronograma curto e apertado nos demandaria investimento e nem todas as emissoras têm essa capacidade”, afirma. O diretor de engenharia e tecnologia do Grupo Bandeirantes de Comunicação, José Chaves, concorda. “Não creio que nenhuma emissora seja atrapalhada pelo atraso porque nenhuma rede está totalmente ready to digital; acredito que atraso proporcionará oportunidade para migrar de maneira mais efetiva”, diz. Ele ressalta ainda o programa de renovação do parque tecnológico com as retransmissoras, especialmente as vinculadas a prefeituras.

Fonte Tela Viva

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