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Se a presidente Dilma Rousseff precisa de uma bandeira nova, inclusiva, moderna, tem à mão o melhor programa possível, a TV digital, desde que corretamente encaminhado.

No dia 29 de abril próximo o Gired (Grupo de Implantação do Processo de Redistribuição e Digitalização de Canais de TV e RTV) vai decidir os rumos da faixa de 700 MHz e iniciar a transição para a TV Digital.

Dependendo do modelo que for adotada, ou se manterá o passado suspenso em formol, ou se criarão zonas de exclusão pagas ou se terá um Bolsa Família para atender um dos direitos inalienáveis: o direito à informação.

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Todo o embate se dá em torno do set-top box, a caixinha com o conversor do sinal analógico para o digital. Sem ele, não haverá como assistir TV digital.

O modelo pretendido pelos ativistas digitais é o set-top box com o sistema operacional Ginga e com recursos de interatividade.

O país já gastou R$ 60 milhões em investimentos de Pesquisa e Desenvolvimento do sistema Ginga – um software desenvolvido pela Universidade Federal da Paraíba e pela PUC do Rio e aprovado pela UIT. A grande vantagem do software é permitir e interação entre o usuário e a emissora.

O vergonhoso ex-Ministro das Comunicações Paulo Bernardo segurou o projeto.

A presidente argentina Cristina Kirchner se apropriou do Ginga brasileiro – que é em código aberto -, desenvolveu o Ginga.ar, versão argentina e montou o Argentina Conecta, o maior programa de inclusão digital do mundo.

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Agora, tem-se a oportunidade de retomar.

Por baixo, há dois modelos de negócio em jogo.

As empresas de telefonia defendem o modelo da Smart TV, ligado à tecnologia IP (da Internet). Vencendo, acaba a TV aberta.

Hoje em dia, aliás, Google, Yahoo e Netflix vem comprando pequenas emissoras de TV para explorar a broadcast. O custo de transmissão cai de 39 dólares do cabo para outro de 6 dólares da broadcats -a faixa de ondas da TV aberta.

As emissoras relutam em abrir mão da comodidade do modelo atual, mesmo sabendo que tem os dias contados. Vão se escorar no BV (Bônus de Veiculação) até o fim de seus dias, que promete ser próximo.

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Toda a questão do set-top box gira em torno do público sem acesso à TV a cabo, especialmente das 21 milhões de famílias integrantes do cadastro único – 14 milhões do Bolsa Família e 7 milhões dos demais programas. Elas receberão o set-up box financiado com recursos das teles – dentro do acordo de venda do espaço.

Para as emissoras, interessa o set-up básico, que se limitará a mudar o sinal de analógico para digital, preservando seu modelo em formol.

Para as teles, interessa também o básico, porque fica mais barato e porque bastará um programa amplo de colocar o modem DTH (Direct to Home) – padrão de tecnologia de dados via satélite – para controlarem o mercado e darem adeus para a TV aberta.

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Com o Ginga, os usuários poderão acessar serviços públicos, procurar emprego, ter acesso à marcação de consulta, à sua conta bancária, ao seu cartão social, serem consultados por pesquisas do IBGE, emitir sua opinião sobre temas de interesse público.

Já existem experiências concretas em bairros de Brasília, tocados pela TV Brasil.

A bola está com Dilma e o gol escancarado. Basta chutar.

Fonte: Luis Nassif Online

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