maio 18

Com a definição da norma Ginga para conversores fixos, prevista para entrar em consulta pública nos próximos dias, o mercado brasileiro de TV Digital entra em uma nova etapa, paralela à de produção de conversores e televisores aderentes a ela. É hora de apresentar as tecnologias por trás do Ginga ao mercado e disponibilizar kits de desenvolvimento para treinamento de mão de obra e fomento de formação de um ecossistema de desenvolvimento de aplicações interativas.

Neste momento, o mercado ainda não dispõe de um ambiente Ginga completo para trabalhar. Mas isso é uma questão de semanas.

O movimento de aproximação dos desenvolvedores, iniciado no fim do ano passado com a criação do Clube NCL (repositório de aplicações em NCL-Lua) e a disponibilidade de download de uma série de ferramentas como o Ginga-NCL Virtual Set-top Box (máquina VMWare com a implementação de referência do Ginga-NCL em C++, instalada e pronta para uso, que acaba de ganhar uma nova versão), deve se acelerar.

Hoje, durante o evento Java @ Tv Digital, a comunidade Java foi apresentada a uma série de inciativas neste sentido. Muitas estarão disposníveis antes mesmo do fim da consulta pública na ABNT, ainda em versão beta, para atualização em aproximadamente 60 dias _ tempo que os técnicos da Sun e Aguinaldo Boquimpani, gerente da área de produtos para TV Digital da TQTVD e integrante da equipe responsável pelo desenvolvimento da especificação Ginga-J no Fórum SBTVD, estimam que vá durar a consulta.

“Normalmente o Fórum SBTVD vem conseguindo acelerar esse processo na ABNT. A questão agora, é praticamente reescrevemos toda a especificação. O que deve fazer o processo seguir seu curso normal, de 60 dias”, explica Aguinaldo.

A própria TQTVD já se prepara para liberar para integrantes da rede de parceiros AstroNet um SDK do AstroTV, sua implementação do middleware Ginga.

“Acreditamos que, em um mês, podemos ter uma primeira versão do SDK para distribuição entre alguns parceiros, para teste do modelo que pensamos implantar”, disse ele. Se tudo correr bem, a TQTVD estará pronta para ampliar a rede de parcerias quando a a norma já estiver devidamente publicada pela ABNT.

Da mesma forma, uma nova versão do OpenGinga _ implementação de referência do middleware completo criada pela Universidade Federal da Paraíba para funcionar como um set-top-box virtual no PC _ é aguardada para os próximos dias. Como essa nova versão ainda não contempla a especificação Java DTV, deverá sofrer nova atualização com a publicação da norma.

Porque é tão importante dominar a especificação Ginga por completo (NCL/Lua + Java , com Java DTV)? Porque as duas tecnologias são complementares. É possível desenvolver aplicações interativas só em NCL-Lua? É. É possível ter aplicações só em java? É. É possível ter aplicações usando as duas? É, e é ainda melhor.

Comunidade Java está otimista

Java TV, Java DTV, Lwuit… Dominar todas essas tecnologias Java despertou o interesse da comunidade de desenvolvedores para o tem interatividade em TV Digital. Limitado a 300 participante, o Java @ TV Digital lotou o auditório do campus Vila Olímpia da Universidade Anhembi Murumbi.

Até hoje, a comunidade Java brasileira alternava entre a comodidade e a ansiedade diante do tema TV Digital. Mas a possibilidade real de ter conversores interativos no mercado, a partir de novembro, mudou esse estado de espírito. Aumentou consideravelmente a quantidade de programadores interesados em integrar o ecossistema de desenvolvimento do SBTVD.

“A primeira coisa que a gente precisa fazer é nos especailizarmos nessas tecnologias, estudarmos as especificações Java DTV, as APIs… É um mundo novo para nós”, afirma Yara Senger, líder da Comunidade SouJava. “É importante também que a gente aja como propragadores dessas tecnologias nas redes sociais, na Internet, nos fóruns de discussão. Nesse momento, não podemos reter conhecimento”.

Para atender todos os desenvolvedores Java interessados no tema, a Comunidade SouJava criou uma lista de discussão (TVdigital@soujava.com.br), aberta, para participação de todos, não só de membros do grupo SouJava.

Estamos só no inícío

O importante é ter em mente que estamos muito no começo do processo. “Nós não vamos dormir no domingo de um jeito e acordar na segunda-feira com um mundo maravilhoso. Vamos passar por um processo gradual”, diz Carlos Fini, gerente de operações da Rede Globo.

Até mesmo a criatividade dos desenvolvedores determinará esse mercado. Eles precisarão estar atentos às diversas oportunidades de negócio que surgirão com a interatividade. Mesmo optando incialmente em trabalharem com os radiodifusores como clientes. A tendência será de as emissoras também adotem diferentes modelos de negócio, como já fazem hoje.

“Acredito que não teremos um modelo único, nem um modelo definitivo”, explica Fini. “Teremos modelos mistos de produção. Basta ver o seguinte: já hoje o mercado é formado por várias emissoras, que têm várias afiliadas que, por sua vez, têm retransmissoras. Só a Rede Globo tem 128 afiliadas… Essas emissoras têm um misto de programação, formado por conteúdo local, conteúdo de rede… E cada uma delas pratica um modelo de produção misto com produção própria, produção contratada e produção independente… O que varia é o percentual do que é próprio e do que é contratado. Com a interatividade, provavelmente acontecerá o mesmo”, diz.

Fonte: Convergência Digital

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